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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Não há problema ...o Zé Povinho paga.




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 BPN - Um roubo que funciona em circuito fechado

> Um roubo ainda sem ladrões

> 1. O BPN é o maior escândalo financeiro da história de Portugal. Nunca

> antes houve um roubo desta dimensão, "tapado" por uma nacionalização

> que já custou 2400 milhões de euros delapidados algures entre gestores

> de fortunas privadas em Gibraltar, empresas do Brasil, offshores de

> Porto Rico, um oportuno banco de Cabo Verde e a voracidade de uma

> parte da classe política portuguesa que se aproveitou desta vergonha

> criada por figuras importantes daquilo que foi o cavaquismo na sua

> fase executiva, a chamada “confraria bancária cavaquista”.

> É confrangedor olhar para este "negócio" que agora, a mando do

> entendimento com os credores internacionais, o Governo fecha com o BIC

> angolano de Isabel dos Santos e Américo Amorim e dirigido no terreno

> por Mira Amaral, antigo ministro de Cavaco Silva.

> Os números dizem tudo: o Estado português queria inicialmente 180

> milhões de euros e o BIC acaba por pagar 40 milhões (menos que a

> cláusula de rescisão de qualquer futebolista razoável) por uma

> estrutura financeira que nos últimos dias teve de ser capitalizada em

> mais 550 milhões para que alguém ousasse fazer o favor de aliviar o

> Ministério das Finanças deste pesadelo. Para além disso, o Governo

> pagará as despesas do despedimento de um pouco mais de metade dos

> actuais 1580 trabalhadores, o que permitirá aos novos donos reduzirem

> em 30% os actuais 213 balcões do BPN.

> 2. O BPN não foi vendido, foi "despachado", como era inevitável que o

> fosse, numa operação que parece decalcada de uma "transferência"

> futebolística e que, como aquelas, tem uma cláusula que visa poder

> defender o presidente perante os sócios: se o BPN vier a dar um lucro

> de 60 milhões nos próximos cinco anos, o Estado português arrecadará

> ainda mais 20 por cento desta verba...

> Em termos financeiros e políticos, este escândalo há muito que está

> percebido. Ele é o exemplo máximo da promiscuidade dos decisores

> políticos e económicos portugueses nos últimos 20 anos e o emblema

> maior deste terceiro auxílio financeiro internacional em 35 anos de

> democracia. Justifica plenamente a pergunta que muitos portugueses

> fazem: se isto é assim à vista de todos, o que não irá por aí?

> 3. O problema está ainda em que o escândalo do BPN (nacionalizado pelo

> receio do perigo de contágio aos outros bancos no início da grande

> crise internacional de 2008) é também ilustrativo do estado da Justiça

> portuguesa.

> Dois anos e meio depois, este "caso de polícia" (como é designado em

> todos os quadrantes partidários, sem excepção) continua sem

> responsabilidades apuradas. Oliveira Costa, o único detido, anda agora

> de pulseira electrónica talvez em Lisboa talvez na algarvia Quinta da

> Coelha, onde os vizinhos são ilustres. Os outros 23 arguidos continuam

> a ser ouvidos sem pressas.

> Entretanto, nos Estados Unidos, Bernard Madoff, que protagonizou a

> maior fraude financeira de sempre, num ano foi investigado e condenado

> a 150 anos de prisão.

> Esta comparação deveria encher de vergonha todos os poderes em

> Portugal, até os semi-secretos que mais uma vez por aqui andam

> omnipresentes e activos, trespassando transversalmente os partidos do

> arco do poder com os conluios e as traficâncias que uma verdadeira

> fraternidade bem devia dispensar.

> A sociedade portuguesa continuará a ser um corpo putrefacto enquanto a

> Justiça não funcionar, e sobretudo não funcionar com uma vontade

> própria que nos faça crer que não anda a reboque nem dos políticos nem

> das várias “lojas” que para aí se digladiam.

> No caso do BPN há ainda a lamentar a posição discreta do Presidente da

> República em todo o processo. Apanhado por estilhaços, Cavaco Silva,

> que sempre faz pedagogia com tudo, "esqueceu" todo este escândalo.

>

> João Marcelino / DN

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