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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

ODISSEIA









Adolfo Capella




Menina, mulher amante,
com seus olhos brilhantes,
quero ter você por um instante,
e beber teu prazer constante...
Beijar o teu corpo gostoso,
lamber seu pescoço,
e ser grudento aos poucos...
Se te quero tanto assim,
nesta ilusão tão ruim,
é porque para mim,
és um castigo sem fim...
Na minha serra querida,
tu és a minha guia,
te quero nua de dia,
nem que seja por fantasia...

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

DIVULGAÇÃO

Foto : BLOG ( JUMENTO)






Faz-me o favor...

Faz-me o favor de não dizer absolutamente nada!
Supor o que dirá
Tua boca velada
É ouvir-te já.

É ouvir-te melhor
Do que o dirias.
O que és nao vem à flor
Das caras e dos dias.

Tu és melhor -- muito melhor!
Do que tu. Não digas nada. Sê
Alma do corpo nu
Que do espelho se vê.
Mário Cesariny

IRRACIONAL














A morte absolutaMorrer.
Morrer de corpo e de alma.
Completamente.

Morrer sem deixar o triste despojo da carne,
A exangue máscara de cera,
Cercada de flores,
Que apodrecerão – felizes! – num dia,
Banhada de lágrimas
Nascidas menos da saudade do que do espanto da morte.

Morrer sem deixar porventura uma alma errante...
A caminho do céu?
Mas que céu pode satisfazer teu sonho de céu?

Morrer sem deixar um sulco, um risco, uma sombra,
A lembrança de uma sombra
Em nenhum coração, em nenhum pensamento,
Em nenhuma epiderme.

Morrer tão completamente
Que um dia ao lerem o teu nome num papel
Perguntem: "Quem foi?..."

Morrer mais completamente ainda,
– Sem deixar sequer esse nome.









Manuel Bandeira

quarta-feira, 14 de julho de 2010

ROSAS BRANCAS







fonte-net







No bailado de luz que nos envolve
Esta é a mais bela dança:
Em coreografia deslumbrante,
O carmesim ensaia nuanças,
Em liláses e azuis cambiantes.

Dos jardins da boa nova,
Rosas brancas em semente,
Esperam a luz da bondade,
P'ra desabrochar livremente
O suave perfume da caridade.

E sempre o sonho se renova,
Ao despertar de sublime prece,
Nos espaços, na individualidade,
Linda rosa branca transparece,
Norteando caminhos da verdade.

Ao divino amigo tudo comove!
Desd'a oração, simples e singela,
Dos corações 'inda adormecidos,
À poesia mais sublime e bela
Dos espíritos de luz reunidos.

A melodia da paz, em trovas,
Ilumine os corações enamorados!
São os mensageiros de todo amor,
Nas flores, canções, bailados,
Na seara do amigo semeador...

Marcia Elizabeth de Aquino

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

o meu jardim-JOÃO VILARET


Fado Triste
Fado negro das vielas
Onde a noite quando passa
Leva mais tempo a passar
Ouve-se a voz
Voz inspirada de uma raça
Que mundo em fora nos levou
Pelo azul do mar
Se o fado se canta e chora
Também se pode falar

Mãos doloridas na guitarra
que desgarra dor bizarra
Mãos insofridas, mãos plangentes
Mãos frementes e impacientes
Mãos desoladas e sombrias
Desgraçadas, doentias
Quando à traição, ciume e morte
E um coração a bater forte

Uma história bem singela
Bairro antigo, uma viela
Um marinheiro gingão
E a Emília cigarreira
Que ainda tinha mais virtude
Que a própria Rosa Maria
Em dia de procissão
Da Senhora da Saúde

Os beijos que ele lhe dava
Trazia-os ele de longe
Trazia-os ele do mar
Eram bravios e salgados
E ao regressar à tardinha
O mulherio tagarela
De todo o bairro de Alfama
Cochichava em segredinho
Que os sapatos dele e dela
Dormiam muito juntinhos
Debaixo da mesma cama

Pela janela da Emília
Entrava a lua
E a guitarra
À esquina de uma rua gemia,
Dolente a soluçar.
E lá em casa:

Mãos amorosas na guitarra
Que desgarra dor bizarra
Mãos frementes de desejo
Impacientes como um beijo
Mãos de fado, de pecado
A guitarra a afagar
Como um corpo de mulher
Para o despir e para o beijar

Mas um dia,
Mas um dia santo Deus, ele não veio
Ela espera olhando a lua, meu Deus
Que sofrer aquele
O luar bate nas casas
O luar bate na rua
Mas não marca a sombra dele
Procurou como doida
E ao voltar da esquina
Viu ele acompanhado
Com outra ao lado, de braço dado
Gingão, feliz, levião
Um ar fadista e bizarro
Um cravo atrás da orelha
E preso à boca vermelha
O que resta de um cigarro
Lume e cinza na viela,
Ela vê, que homem aquele
O lume no peito dela
A cinza no olhar dele

E o ciume chegou como lume
Queimou, o seu peito a sangrar
Foi como vento que veio
Labareda atear, a fogueira aumentar
Foi a visão infernal
A imagem do mal que no bairro surgiu
Foi o amor que jurou
Que jurou e mentiu
Correm vertigens num grito
Direito ou maldito que há-de perder
Puxa a navalha, canalha
Não há quem te valha
Tu tens de morrer
Há alarido na viela
Que mulher aquela
Que paixão a sua
E cai um corpo sangrando
Nas pedras da rua

Mãos carinhosas, generosas
Que não conhecem o rancor
Mãos que o fado compreendem
e entendem sua dor
Mãos que não mentem
Quando sentem
Outras mãos para acarinhar
Mãos que brigam, que castigam
Mas que sabem perdoar

E pouco a pouco o amor regressou
Como lume queimou
Essas bocas febris
Foi um amor que voltou
E a desgraça trocou
Para ser mais feliz
Foi uma luz renascida
Um sonho, uma vida
De novo a surgir
Foi um amor que voltou
Que voltou a sorrir

Há gargalhadas no ar
E o sol a vibrar
Tem gritos de cor
Há alegria na viela
E em cada janela
Renasce uma flor
Veio o perdão e depois
Felizes os dois
Lá vão lado a lado
E digam lá se pode ou não
Falar-se o fado.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

POESIA DO MUNDO


<


Do teu cheiro



O gosto da tua pele
sal impregnado em meus lábios
que me mata de sede
á beira da fonte dos teus prazeres.

O teu gosto na minha boca
mel que sacia meus desejos
na hora derradeira
do medo de te perder
em meio aos lençõis.

O teu cheiro impregnado
no meu corpo
perfume raro que nem a chuva
leva de mim....


Poma de : Aedmir Antônio Bacca

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

POETAS DE PORTUGAL E DO MUNDO







Foto net.



Floriram por engano as rosas bravas

Floriram por engano as rosas bravas
No inverno:veio o vento desfolha-las...
Em que cismas, meu bem? Porque me calas
As vozes com quehá pouco me enganavas?


Castelos doidos! Tão cedo caístes !...
Onde vamos, alheio o pensamento,
De mãos dadas? Teus olhos, que num momento
Percrutam nos meus,como vão tristes!

E sobre nós cai nupcial a neve,
Surda, em triunfo,pétalas de neve
Juncando o chão, na acróple de gelos...

Em redor do teu vulto é como um véu!
Quem as esparze ,quanta flor! do céu,
Sobre nós dois, sobre os nossos cabelos



Camilo Pessanha

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

POESIA PORTUGUESA


Imagem net


Menina Marota





Para começar o Ano nada melhor que iniciar com a divulgação de Poetas Portugueses mais conhecidos pelos seus BLOG`S e também já com livros publicados, menos conhecidos e sabemos porquê ,mas isso não vem agora ao caso.



Poema de M.M. do BLOG - http://roseiraldoamor.blogspot.com/
Acordei
de madrugada
sentindo
tua boca
na minha pele
ávida
de ternuras
e desejos.
Meu corpo
abre-se
como lírio
banhado
p´los primeiros
raios da manhã.
Quentes
teus lábios
saciam a fome
no toque
envolvente
das línguas
que se cumprem
no sonho ansioso
da mente.
Com fervor
falei-te de Amor